Sua história curiosa lhe trouxe uma especialização contemporânea imprevista: ser uma cidade especialmente vocacionada para acolher artistas. Isto aporta dividendos turísticos à cidade. Por causa disso, em 2011, a denominação oficial da cidade foi alterada de Embu para “Embu das Artes”.
Topônimo
Ver também: Topônimos tupi-guaranis no Brasil
Conforme Eduardo Navarro em seu Dicionário de Tupi Antigo (2013), “Embu” é uma corruptela do nome da aldeia jesuítica que deu origem à cidade: Mboy. Há duas possíveis etimologias para o topônimo Mboy:
é um termo oriundo do tupi antigo mboî’y (“rio das cobras”, a partir da junção dos termos mboîa, “cobra” e ‘y , “rio”)[8][9][10]
se origina do termo tupi antigo mboîa (“cobras”).[8]
Artesãos de Embu confeccionando seus produtos na praça central da cidade
Estância Turística
Ver artigo principal: Estância turística
Embu das Artes é um dos 29 municípios paulistas considerados estâncias turísticas pelo Estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância turística, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
História
A região do município de Embu das Artes era originalmente habitada por povos indígenas das etnias tupiniquins e guaranis e o surgimento da cidade está intimamente ligado à catequese indígena.
Na segunda metade do século XVII, sítios começaram a se formar na região do município, com plantações de mandioca, legumes e algodão.
Em 1607, Fernão Dias Paes Leme (tio do bandeirante Fernão Dias, o “caçador de esmeraldas”), Pero Dias e Braz Esteves adquirem sesmarias na região do município. Em 24 de janeiro de 1624, Fernão e sua esposa, Catarina Camacho, doam terras para a Companhia de Jesus.
Por volta de 1690, o jesuíta Belchior de Pontes transfere a missão de Mboy, até então fixada onde anteriormente existiu a fazenda de Fernão Dias, para o local que hoje é a sede do município e inicia a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a velha matriz. O Padre Belchior faleceu em 1719 e seu substituto no aldeamento, Domingos Machado, ordena a construção da residência anexa dos religiosos, concluída por volta de 1740.
Em 1759, o Marquês de Pombal, ministro do Reino de Portugal com grande influência na corte de D. José I, ordenou a expulsão de todos os jesuítas de Portugal e seus domínios, incluindo a América Portuguesa. Com isso, o aldeamento de M´Boy entra em declínio e os indígenas que ali habitavam acabaram o deixando ou se misturando com os não-indígenas que viviam no povoado e nas cercanias. Essa miscigenação entre os indígenas dos aldeamentos e os colonos portugueses daria origem à etnia Caipira, cujas manifestações culturais, como a Festa de Santa Cruz, permanecem até hoje no município.
A vila, sede do antigo aldeamento, tinha uma economia agrícola, com lavradores e fabricantes de cachaça, e os produtos eram vendidos em São Paulo, sobretudo na região de Pinheiros. O desenvolvimento era lento, pelas dificuldades de comunicação e transportes. Entre o final do século XIX e a década de 1940, os carros de bois eram o principal meio de transporte.
Em 1880 foi criado, dentro da Vila de Itapecerica, o distrito de M’Boy.
No final do século XIX, a Diocese de São Paulo contrata o engenheiro Henrique Bocolini, responsável pelas primeiras obras de restauração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Nesta época e no início do século XX, a cafeicultura, principal fonte econômica do Brasil e praticada em todo o Estado de São Paulo, não pôde ser praticada em M’Boy, pois suas terras não seriam adequadas para essa cultura.
Nas décadas de 1920 e 1930, as olarias de M’Boy contribuíram muito para a produção de tijolos para o crescente distrito e também para a cidade de São Paulo, em pleno crescimento. Nesta época, chegam no distrito os primeiros imigrantes japoneses, hoje numerosa em Embu.
Em 1938, o distrito de M’Boi teve sua denominação alterada para “Embu”, uma corruptela do antigo nome do distrito. Anos mais tarde, surge o movimento emancipacionista.
Em 18 de fevereiro de 1959, a Lei Estadual n° 5285 eleva o distrito de Embu à categoria de município, desmembrado de Itapecerica da Serra. O município foi instalado em 1° de janeiro do ano seguinte.
A cidade começa a ganhar destaque na década de 1960, quando vários artistas, entre pintores, escultores, músicos e cantores, acabam encontrando no município de Embu o local perfeito para praticar sua arte. Dentre os principais artistas desse período estão: Cássio M’Boy, professor de vários artistas e conhecido de membros da Semana de Arte Moderna de 1922; Tadakiyo Sakai, escultor e ceramista e discípulo de Cássio; Solano Trindade, fez produção artística da cultura afro-brasileira e introduziu a tradição dos orixás; Assis do Embu e Ana Moysés. A arte embuense ganha destaque em 1964, com o Primeiro Salão das Artes. O local, graças a seu ambiente bucólico, foi frequentado por diversos artistas modernistas, como a Anita Malfatti, que levava seus alunos para estudos em meio às casas da antiga vila.
No final do anos 1960, outros artistas e hippies se fixam em Embu. Seus trabalhos eram expostos nos finais de semana, originando a Feira de Artes de Embu das Artes, que ocorre todos os fins de semana desde 1969 e é um motor turístico da cidade.[11][12][13][14]
Mudança de nome
Em 23 de outubro de 2009, o Prefeito de Embu, Chico Brito, deu início ao processo para que o município fosse, oficialmente, chamado de “Embu das Artes”. Em 25 de novembro, o prefeito e o vice deram início ao ato a favor da realização de um plebiscito para a coleta de assinaturas.[15]
Para que fosse acrescentado ao nome do município a denominação “das Artes”, foi necessário a realização de um plebiscito em que pelo menos um por cento dos eleitores do município deveriam participar. O plebiscito foi anexado a um projeto de lei que foi enviado pelos poderes executivo e legislativo embuense para sanção do prefeito. Em seguida, o documento foi protocolado no Tribunal Regional Eleitoral, que convocou uma eleição para mudança do nome.[16]
Segundo o prefeito, a oficialização do município para “Estância Turística de Embu das Artes” foi para que a cidade tivesse sua identidade e que não fosse mais confundida com Embu-Guaçu.
As três primeiras assinaturas do abaixo-assinado foram do prefeito Chico Brito, de Annis Neme Bassith, um dos líderes do processo de emancipação do município, e do Presidente da Câmara Municipal Silvino Bomfim. O prefeito declarou:
Isso é um desejo da população e dos vereadores. Dificilmente você vai encontrar alguém contra.
— Chico Brito[15]
O abaixo-assinado passou por toda a cidade através da campanha “Embu das Artes – Todo Mundo Quer”, lançada pela prefeitura.
O plebiscito ocorreu em 1 de maio de 2011 e 66,48% dos eleitores optaram pela nova denominação.[17]
Em 6 de setembro de 2011, o então Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin sancionou a Lei Estadual 14.537/11, que, oficialmente, passou a denominar o município como “Embu das Artes”.[18]